Declaração de Santiago de Compostela do Conselho da Europa
O sentido de humanismo social, as ideias de liberdade e de justiça e a confiança no progresso são os princípios que historicamente forjaram as diferentes culturas que compõem a identidade europeia.
Esta identidade cultural é, hoje como ontem, o fruto de um espaço europeu pleno de memoria colectiva e percorrendo caminhos que estão para além das distancias, das fronteiras e das incompreensões.
O Conselho da Europa propõe hoje a revitalização de um desses caminhos, aqueles que conduz a Santiago de Compostela. Este caminho, altamente simbólico no processo da construção europeia, servirá de referência e de exemplo para outras acções futuras. Para tal, apelamos às autoridades, instituições e indivíduos para:
1. Continuar o trabalho de identificação dos Caminhos de Santiago em todo o território europeu;
2. Estabelecer um sistema de sinalização dos principais pontos do itinerário através da utilização do emblema proposto pelo Conselho da Europa;
3. Desenvolver uma acção coordenada tendente a restaurar e reactivar o património arquitectónico e natural situado na proximidade destes caminhos;
4. Lançar programas de animação cultural, a fim de redescobrir o património histórico, literário, musical e artístico criado pelas peregrinações a Santiago de Compostela;
5. Promover a implementação de programas de intercâmbio permanente entre cidades e as regiões situadas ao longo destes caminhos;
6. Estimular, no quadro desse intercâmbio, a criação artística e cultural contemporânea para renovar esta tradição e testemunhar os valores intemporais da identidade cultural europeia.
Que a fé que animou os peregrinos ao longo dos tempos e que os reuniu numa aspiração comum, para além das diferenças e dos interesses nacionais, nos inspire hoje, e muito particularmente os jovens, para percorrer estes caminhos, com vista a construir uma sociedade fundada na tolerância, no respeito do outro, na liberdade e na solidariedade.