Viseu

ITER STELLARUM’ : O caminho das estrelas

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São Miguel de Outeiro

Entrada em Viseu por São Miguel de Outeiro

São Miguel de Outeiro foi um dos pontos de viagem de Edrisi no século XII. Aqui, as Inquirições de 1258 referem a existência de duas estradas: …inter ambas vias… A poente estava o mosteiro de São Salvador de Fráguas, que já existia em 1129 e a ladear a estrada havia algumas ermidas como a da Senhora do Calvário, a da Senhora da Saúde e da Senhora das Candeias, invocação antiga, mas de que só há notícia a partir de 1745, data da construção da actual capela.

Para Viseu, por São Cipriano

Passada a povoação, a via seguia para São Cipriano atravessando por ponte a ribeira de Asnes – será esta a ponte mencionada na Inquirição atrás referida como Rivus de Asinis? A partir de São Cipriano, outra invocação antiga, entrava-se na via romana, já documentada, que se dirigia para Torredeita.
A entrada em Viseu fazia-se por Vil de Moinhos e a saída orientava-se para Lamego, pela Cava de Viriato, onde começava a ‘estrada velha’. A cidade propriamente dita ficava na sua periferia.

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V I S E U

Reminiscências romanas e visigodas

A cidade de Viseu, capital de distrito e sede de Bispado, é uma das povoações portuguesas com antiguidade romana mais que garantida. No ponto mais elevado, onde está a Sé Catedral e o antigo paço episcopal, que na actualidade é o Museu Grão-Vasco, há reminiscências da presença romana, sobretudo na ‘Cava de Viriato’ que foi um acampamento das tropas de Júlio César senão mesmo de Decimus Junius Brutus. Aos Romanos sucederam os Suevos e os Visigodos, que se instalaram naquela colina. Era povoação com força suficiente para ser Diocese, o que veio a acontecer ainda no século VI, pois em 569, um bispo seu, de nome Remissol, participou no concílio de Lugo. Uma lenda antiga diz que a capela de São Miguel de Feital serviu de refúgio e depois de túmulo ao Rei Rodrigo, o último dos Visigodos a governar a Península Ibérica antes das invasões muçulmanas.

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De novo o domínio cristão

Foi com D. Fernando Magno, em 1058, que Viseu voltou ao domínio cristão, após a razia que o Almansor fez no território português que reconquistou. A rainha Dona Teresa concedeu-lhe o seu primeiro foral em 1123 e há quem defenda que foi nesta cidade que nasceu seu filho, o Rei D. Afonso Henriques.

Cabeça de Diocese

Como cabeça de Diocese, Viseu tornou-se um ponto de referência, como o fora já ao tempo da dominação romana, como centro aglutinador de vias e de mercados. A cidade desenvolveu-se, irradiando da colina em cuja acrópole foi construída a Sé e o Paço Episcopal.

A Sé

Na cidade há um vasto conjunto de construções, muitas delas remontando ao período manuelino, mas é no cimo que estão os edifícios mais significativos.

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A Sé Catedral é uma pesada construção com indícios românicos, mas que no século XVI foi profundamente modificada, sendo desta época a original abóboda de nós, de inspiração marítima.
A torre sineira, também chamada Torre do Relógio, iniciada em 1382, obrigou à construção da fachada actual, que é obra da primeira metade do século XVII. Nela foi rasgado um conjunto de nichos com esculturas que representam Nossa Senhora da Assunção, os quatro Evangelistas e São Teotónio, o Padroeiro da Cidade. Ao lado está o claustro, com o primeiro piso renascentista e o segundo barroco.
Destaca-se aqui a capela do Calvário, obra do século XV, que conserva ainda um tecto mudéjar.
No tesouro da Sé há magnificas peças de ourivesaria dos séculos XVI e XVII e uma valiosa cruz processional do século XVIII.
Na estatuária realce para um representação da Rainha Santa Isabel, obra do século XVI, mais a escultura policromada do Arcanjo São Rafael e de Tobias, que é atribuída ao escultor Machado de Castro.
Da Sé era também o notável conjunto de telas de oficina de Vasco Fernandes, o célebre Grão Vasco, hoje expostas no Museu anexo.

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Igreja da Misericórdia

Próxima à Sé está a Igreja da Misericórdia, com uma fachada rocaille que se distribui por um corpo central ladeado por duas elegantes torres. A igreja foi construída em 1775, mas a origem da Misericórdia remonta a 1510.

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Fonte: http://tbn2.google.com/images?q=tbn:I4t-1E7XMh0ghM:http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/9f/Igreja_da_Miseric%C3%B3rdia_de_Viseu.jpg

Igreja da Ordem Terceira de São Francisco e São Filipe de Néri
Outras igrejas dignas de menção são a da Ordem Terceira de São Francisco, construída em 1773 pelo risco do talentoso Nicolau Nasoni e a do antigo convento de São Filipe de Néri, hoje seminário diocesano.

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Igreja de São Martinho de Orgens

Já fora do núcleo urbano primitivo está a igreja de São Martinho de orgens, que esteve relacionada com um convento que os franciscanos aí construíram por volta de 1450.
Arquitectura civil
Na arquitectura civil, a casa do Miradouro, do século XVI, a do Arco, ou a do Cimo da Vila, do século XVIII, são bons exemplares da casa senhorial urbana.

Para Abraveses

Ultrapassada a Cava de Viriato, o caminho, este sim uma via de Peregrinação a Santiago, dirigia-se para a aldeia de Abraveses (actualmente vila) por um percurso onde as alminhas têm cruzes de Santiago. Passava por Mouro e após atravessar o rio Vouga na ponte de Almargem chegava a esta pequena povoação perdida nos contrafortes do monte da Fonte Santa. É parte da antiga estrada romana, com alguns troços calçados que obviamente remontam àquela época. O traçado é sinuoso e reflecte a realidade orográfica, correndo entre manchas de floresta, onde o arvoredo pioneiro de pinheiros e carvalhos tenta a custo sobreviver à infestação das espécies exóticas.

Vila Meã: Uma antiga capela dedicada a Santiago

De Almargem o caminho trepava ligeiramente até ao topo da Fonte Santa, o caminho de Água d’Alte e de Vila Meã. Aqui havia uma antiga capela dedicada a Santiago, que hoje tem a invocação a Nossa Senhora da Saúde.

Moledo

Moledo fica mais a norte. Fez parte do senhorio de Egas Moniz, o pundonoroso Aio do rei D. Afonso Henriques, e depois do convento de Arouca. A sua igreja de Santa Maria é de meados do século XVIII, mas as origens são medievais. Conserva uma bela imagem da Padroeira, em pedra de Ançã policromada, do século XV. No lugar de Vila Meã a capela estava dedicada a São Tiago.

Mões

A povoação seguinte chama-se Mões, uma simples freguesia de Castro Daire que já foi sede de concelho, com foral manuelino e pelourinho que ainda conserva.

A inóspita serrania

Pela inóspita serrania, onde as fragas esburacadas de antigas sepulturas e lagaretas deixam adivinhar, perdida no tempo, a lavra mineira do estanho, vão-se atravessando os rios Paivó e Ermida, para vencer na cota mais baixa a serra do Montemuro.

De Baltar a Moura Morta

Os cercais de carvalho continuam a dominar a paisagem até Baltar, onde há uma ermida a Santiago, construída em 1685 pelo Abade João de Moura de Andrade. O caminho sobe até às Portas de Montemuro, à portela que separa a esta serra da de Leomil, zona aplanada e povoada de mamoas. Depois da capela da Senhora da Ouvida e de mais uma dedicada a Santiago, inicia-se a descida e chega-se a Moura-Morta, uma comenda da Ordem de Malta de média rendimento. Ainda por aqui abundam os restos de sepulturas megalíticas, que criaram no imaginário popular lendas de mouras encantadas a que não é estranha a denominação de Moura-Morta.

Mezio e descida ao vale de Balsemão

No arvoredo, que não é denso, começa o carvalho negral a ser dominante, muitas vezes associado ao castanheiro ou irrompendo mesmo, como espécie resistente, nos ralos pinhais que cobrem as encostas. E assim se chega ao Mezio. Na igreja, no tecto de caixotões, lá estão pintados os Peregrinos Santiago e São Roque, lembrando quem passa aos poucos que por ali vivem.
Depois Bigorne, Reconcos e começa a descida ao vale encaixado do Balsemão, que serpenteia até São Tiago de Magueija, antigo concelho que conserva o pelourinho e a memória da forca no lugar da Matança, bem à vista de quem se aventurasse por esta estrada. Aqui tinha a malaposta uma estação de muda, já às portas da cidade de Lamego, onde se chega pela mata da Senhora dos Remédios.

L A M E G O

Lamego foi uma das primeiras povoações a ser elevada a sede episcopal e não faltam no seu aro vestígios proto-históricos e romanos. O próprio castelo deve ter sido edificado sobre um castro da Idade de Ferro. Com a falência da administração romana, o lugar foi ocupado pelos visigodos, que conheceram o domínio árabe após a invasão de 711. Desse tempo ficou o topónimo Almacave, aplicado precisamente à parte mais antiga da cidade. A existência de população nestas paragens está bem documentada na presença de um Bispo desta cidade no segundo Concílio de Braga, realizado no ano de 572. A conquista aos mouros deve-se a D. Fernando Magno no ano de 1057, sendo a Diocese criada em 1071. O povoamento local foi promovido por Sancho I, que lhe deu carta de foral, seguindo-se-lhe outras medidas por parte de Egas Moniz que foi um dos Tenentes de Lamego e senhor de Britiande onde morou.

O Castelo

Em torno do castelo desenvolveu-se um conjunto habitacional coerente, crescendo depois, na parte baixa, um outro núcleo centrado na Sé e no Paço Episcopal. No ponto mais alto de Almacave está o castelo, formado por um recinto muralhado e uma torre de menagem. Na cintura abrem-se as portas dos Figos e do Sol e ainda existe a torre que serviu nos séculos XVI e XVII de Paços do Concelho.

Igreja de Santa Maria de Almacave

Na vizinhança do castelo está a igreja de Santa Maria de Almacave, uma estrutura românica do século XII, inconsistentemente referida como o local onde se terão reunido Cortes em 1143. Nas suas imediações, na Rua do Castelo, há um pequeno templo que a tradição aponta como tendo sido o local da primitiva Sé de Lamego.

Praça da Sé

A Sé tem origens românicas, mas foi muito alterada, primeiro no século XVI e mais tarde, na centúria de setecentos. Estas intervenções estão patentes na fachada gótica de expressão manuelina e no interior, reservado ao génio do grande arquitecto Nicolau Nasoni. Aqui, na capela-mor, encontra-se uma bela imagem da Virgem com o Menino, do século XV. Tem anexo o claustro e uma torre gótica quatrocentista. Na praça da Sé fica também o antigo Paço Episcopal, posteriormente adaptado a Museu e que guarda uma bela colecção de tapeçarias flamengas, pintura, ourivesaria e bom espólio arqueológico. Trata-se de um edifício de traça barroca mandado construir entre 1750 e 1780 pelo Bispo D. Manuel de Vasconcelos Pereira.

Igreja de Balsemão

Próximo ao rio está a Igreja de Balsemão, cujo aparato exterior a coloca no século XVII ou XVIII, mas que o interior evidencia ser construção bem mais antiga, atribuível ao século X. A coluna isenta com capitel coríntio com trépanos, que se vê na entrada da capela-mor e a silharia almofada das paredas creditam-na como uma estrutura moçárabe, o que também não admira nestas paragens. Merecem realce nesta igreja o túmulo jacente do Bispo D. Afonso Pires e uma imagem de Nossa Senhora do Ó. Nas imediações têm aparecido algumas aras romanas.

Santuário de Nossa Senhora dos Remédios

Num dos patamares que rodeia a cidade pelo lado sul, no meio de uma bela mata ajardinada, está o santuário de Nossa Senhora dos Remédios, onde desemboca a estrada que vem de Viseu. No sítio onde está a igreja, já no século XIV havia uma ermida dedicada a Santo Estêvão. Um século mais tarde, o Bispo D. Manuel de Noronha mandou construir uma nova igreja, devido à ruína da ermida onde o povo afluía em grande número. Ali colocou uma imagem de Nossa Senhora com o menino ao colo que havia trazido de Roma. A devoção dos crentes centrou-se então na Virgem, esquecendo-se o Santo, que caiu no esquecimento. As obras do grande santuário começaram em 1750 e só terminaram em 1905. Junto à igreja conservam-se ainda alguns exemplares vernáculos de castanheiro de um antigo souto há muito desaparecido, com troncos de enorme envergadura, corcomidos por vários séculos, considerados dos mais antigos que se conhecem em Portugal. O acesso à igreja faz-se por um monumental escadório, a partir da cidade baixa, com seiscentos e oitenta e seis degraus, ornamentado com estátuas que representam figuras bíblicas, e que constitui um magnífico cenário de expressão barroca tipicamente portuguesa.

Descida para o Douro

A estrada de Lamego para o Peso da Régua corre entre vinhedos plantados nas vertentes socalcadas que se estendem até o Rio Douro. A seguir passava-se em Souto Covo e mais abaixo em Sande. O padroeiro de Sande é São Tiago cuja igreja remonta o século XII. A descida para o Douro fazia-se por um trajecto sinuoso e atingido o rio, que corria em torrente caudalosa ao longo de todo o Inverno ou com rápidos, galgando penhascos numa fúria indomável durante o resto do ano, a travessia fazia-se de barca, que as havia em sítios certos, onde o pego era mais remansoso. Uma delas funcionava na foz do Corgo pelo menos desde a Idade Média. Os Condes de Portugal D. Henrique e D. Teresa tinham dado metade do rendimento da barca ao Bispo do Porto D.Hugo, mas os moradores de ambas as margens tinham passagem gratuita desde que pagassem um cântaro de vinho para as despesas de reparação. Mas tarde, quando os direitos da barca passaram para a posse do Visconde de Balsemão, ainda os moradores da Régua continuaram isentos, conquanto pagassem um ‘cântaro de vinho mole à bica do lagar”. Tal contrato encontra-se gravado num padrão de granito, no cais de baixo, onde paravam as ditas barcas de passagem. A barca de passagem da Régua funcionou até à construção da ponte em 1872.
Do outro lado do rio estão as freguesias de Godim, de São Faustino da Régua e mais algumas que vieram a constituir o actual concelho de Peso da Régua. O pequeno couto aforalado em 1210, pouco ou nenhuma notoriedade teve à difusão do Vinho do Porto pelos ingleses, no século XVIII e à criação da Real Companhia das Vinhas do Alto Douro no reinado de D. José I.

Vinhedos, povoações e quintas

Todo o viajante ou Peregrino que quisesse avançar para norte, saindo do Peso da Régua entrava logo nos vinhedos dispostos encosta acima, tendo de subir penosamente entre terrenos de xisto até à portela de São Gonçalo, onde existe uma capelinha desta mesma invocação e se divisa Santa Maria de Penaguião. Desde a Régua até ao alto da Cumieira é uma sucessão de vinhedos, entrecortados por pequenas povoações e quintas socalcadas em estreitas surribas.

Lobrigos, Cumieira e Parada de Cunhos

Subindo sempre, a estrada passa em Lobrigos e na Cumieira. Desce depois o rio Sordo, que passa numa ponte medieval e segue para parada de Cunhos, já às portas de Vila Real.

V I L A R E A L

Referências a São Tiago Apóstolo´

Na Capital de Trás-os-Montes são comuns as referências à passagem desta via de Peregrinação. No antigo Largo do Tavolado, havia uma capela com confraria dedicada a São Tiago. E as imagens do Apóstolo eram frequentes nas diversas igrejas e capelas, assim como a de outros santos relacionados com aquele culto: São Gonçalo de Amarante, São Roque, São Sebastião…

Edifícios religiosos

O edifício religioso mais antigo deve ser a capela de São Brás, construção gótica do século XIV adossada à igreja de São Dinis, também esta do período de transição do românico para o gótico, mas que foi muito alterada no século XVIII. Um pouco mais recente é a Sé, que ocupou a Igreja do convento de São Domingos, mandada construir por D. João I. Trata-se de um edifício gótico com dois possantes contrafortes a marcar a fachada florida de uma portada de arquivoltas. Interessantes são também as igrejas da Misericórdia e de São Pedro. A igreja dos Clérigos, também conhecida como Capela nova é obra barroca de Nicolau Nasoni ou do seu disciplino Figueiredo de Seixas. No interior merecem especial destaque os retábulos entalhados, nomeadamente o mor, que é renascentista.
Arquitectura civil
Na arquitectura civil merecem especial referência a Casa do Marquês de Vila Real e a de Diogo Cão, ambas de traça manuelina. Entre todas as casas senhoriais existentes, destaca-se a Casa de Mateus, um dos mais significativos palácios barrocos de Portugal, cujo nome, associado ao vinho “Mateus Rose”, é hoje conhecido em todo o mundo.

Vilarinho de Samardã

O caminho que de Vila Real conduz até Chaves corta por serranias, seguindo o vale do Corgo até Vilarinho de Samardã.
De Vilarinho de Samardã até Zeimão o traçado continua difícil e por vezes bastante sinuoso. Na Gralheira, num lagarejo perto de São Tiago de Telões, sobrevive ainda, esquecida pelo tempo, a velha albergaria.

Por Parada de Corgo, Montenegrelo e Terra de Aguiar
O caminho corre a nascente da estrada actual, passando Parada de Corgo e Montenegrelo. Mais à frente chega-se à vista do derruído castelo da Terra de Aguiar, erguido no cimo de um penhasco, autêntica sentinela no alto Corgo. Como tantos outros, foi soçobrando lentamente, chegando à actualidade uns escassos panos da sua muralha.

Vila Pouca de Aguiar

Vila Pouca de Aguiar chamou-se antes São Salvador de Jugal. Localizada numa confluência de estradas, este sítio conheceu uma fortíssima presença romana por causa da mineração do ouro, que durante séculos se levou a efeito naquelas serranias e de que Jales é ainda hoje o exemplo vivo.

Pedras Salgadas

Depois de Vila Pouca desce-se, mas com alguma dificuldade, para Pedras Salgadas. Atravessa-se o Corgo na ponte de Cidadelhe e passa-se em Vila Meã, onde existe uma capela dedicada a São Tiago na berma do caminho.

Inúmeras nascentes

A caminho de Vidago a estrada passa em Oura, freguesia também dedicada a São Tiago. Depois vai a Salus, Valverde e Medial. Ao longo deste percurso, que segue os contrafortes da Serra da Padrela, inúmeras nascentes regurgitam águas minerais de excelente qualidade. Exemplos bem conhecidos são as de Vidago e Carvalhelhos.

De Redial a Chaves

A partir de Redial a estrada aproxima-se de Chaves e da sua ponte romana, passando por Vila Nova da Veiga e Outeiro de Jusão. Na entrada da cidade, próximo da ponte de Trajano, havia uma albergaria criada pela Rainha Dona Mafalda, mulher de D. Afonso Henriques, que tinha por missão agasalhar os Peregrinos que se dirigiam a Santiago de Compostela. Para além deste albergue havia um outro junto da igreja matriz. A sua fundação é atribuída à segunda mulher do primeiro Duque de Bragança, que era também Senhor de Chaves. Dava guarida aos Peregrinos e enfermos num edifício mais tarde ocupado pela Misericórdia local.

Dois caminhos para alcançar a fronteira: por Seara Velha ou por Outeiro Seco

De Chaves para a fronteira a estrada vai à Seara Velha, passando pelos santuários de Nossa Senhora de Aparecida e de Nossa Senhora das Necessidades. Na igreja da Seara Velha em plena veiga de Chaves, está a imagem de São Tiago, muito prosaicamente pintado num dos caixotões do tecto. Um outro caminho podia levar à fronteira por Outeiro Seco e Vilarelho da Raia, passando na igreja românica de Nossa Senhora da Azinheira, um pequeno mas belo templo românico com muitos motivos da arquitectura gótica,
Por este caminho, a cidade de Verín ficava a três léguas da fronteira e Santiago de Compostela, seguindo por Ourense, a sete dias folgados.

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